terça-feira, 3 de janeiro de 2012

#sandalinhasdehippie

eu sempre fui feio que nem uma caipora manca e ela a menina mais linda da faculdade, a cocotinha dos sonhos, a minazinha mais cobiçada da galera – os vestidinhos que usava, a tatuagem no pescoço, as sandalinhas de hippie, aquele jeitinho dela, cara, eu sonhava com isso todo dia – e o pior de tudo é que ela era gente boa, uma garota massa mesmo, que dava a maior idéia, curtia arte e sacava tudo de rock psicodélico, não era arrogante só porque era bonita, muito pelo contrário, ela assimilava a beleza dela com naturalidade, era uma coisa leve – e um dia ela tava meio deprimida por causa do namoradinho otário dela e a gente ficou conversando de madrugada até altas horas e tomando um vinho vagabundo e acabou se pegando e o beijo dela era delicioso exatamente do jeito que eu tinha imaginado, a pele macia e quentinha como eu como eu sempre tinha suspeitado, e ela foi tão boa comigo – não rolou sexo nem nada, só uns beijos molhados e um carinho despretensioso na rola – que eu fiquei meio que viajando, meio que num lugar imaginário, num sonho. Ela passou a mão na pela minha cara, nos buracos, nas crateras, fez trancinhas no meu cabelo, estourou uma espinha que eu tinha no ombro e disse que eu tinha uma alma boa, que eu era um ser humano lindo e talentoso, o melhor baixista que ela conhecia. Falou que em tal e tal música da minha banda ela curtia tal e tal arranjo. Falou também que lembrava da primeira vez em que tinha me visto, três anos atrás, num show que eu nem lembrava que tinha feito. E que ouvia sempre no carro o cd que eu tinha gravado pra ela, que achava incrível a disposição das músicas, como eu saía do ragga pro jazz pra afrociberdelia bricando

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