quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

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Trinta e três por cento do brasil, que não votam no PT de jeito nenhum, mais os outros trinta e três, que votam quase incodicionalmente, obram e engendram um monopólio cultural, um fla-flu ideológico, um pequeno instantâneo dialético no carrilhão da eternidade. Se engana porém quem julga que os outro trinta e três por cento sejam pouco relevantes ao frigir dos ovos. Os Verdes e os representantes da Terceira Via são plenamente conscientes, por exemplo, que o fisiologismo do PMDB é pernicioso às aspirações nacionais, que o aparelhamento do estado não é exatamente uma coisa-super-bacana, que talvez-quem-sabe as parcerias público privadas sejam a idéia menos equivocada diante dos problemas e desafios inerentes a vida em sociedade. Divago? Pega um Verde, um Gabeira, um Minc, um cara que você diria, sem hesitar, que é um político de vanguarda, apesar de maconheiro, e vê qual a agenda do cara. O cara não tá preocupado com a luta de classes, mas com o futuro das árvores, o que, pensando bem, é uma ótima idéia. Esses trinta e três por cento, esse um terço de gente esclarecida, não dogmática, é um terço que pesa mais. É o diferencial. Não to fazendo apologia do Partido Verde, só dizendo que ele é a alternativa política mais... hã.... como dizer... você pega um papo cabeça como a-identidade-cultural-na-pós modernidade... quando eu fumo você vê que eu falo muito né... há como negar que as identidades matriciais, as identidades fortes, foram todas estraçalhadas? Não me olhe como seu eu fosse um profeta do óbvio, mas já parou pra pensar na comida-enlatada durante um tempo, já sentou, leu, pesquisou e refletiu sobre o que é, o que significa e quais as consequências da comida enlatada... a criança hoje só conhece o vidro, o concreto, o aluminio, o conservante, não quero dar uma de oh-meu-deus-o-mundo-tá-perdido, mas só pensa, só pensa... não é que eu esteja me justificando, é aí que você tá enganado, só quero deixar claro que se falo coisas que parecem messiânicas é porque falo muito mesmo, me empolgo, vou longe. As-identidades-culturais, por exemplo. É uma coisa louca, não é? Você pensar que o cara não tem ligação com o planeta, mas com a estratosfera, o broadcasting, a tramissão via satélite em alta definição, a imagem, a internet, a publicidade, o lithium, o silício, o cigarro com quatro mil substancias químicas altamente tóxicas. Me empresta o isqueiro? Não to falando em montar uma cabana no mato, fazer uma tribo de pode-crer, ficar cantando raul seixas e caçando tatu, não to falando isso, e também, mais uma vez, faço questão de deixar claro que não to me justificando, to só propondo o seguinte: a próxima dialética não vai ser entre senhores e escravos, burgueses e proletarios, mas entre o homem e... sim... vou soar apocalítico pois é exatamente disso que se trata... O HOMEM E A NATUREZA, A ESPÉCIE E A EXTINÇÃO. Huauauauauaua! Cavernoso. Sombrio. Se todo homem é mortal e finito, se é normal e compreensível que pense ocasionalmente, ou dependendo do doente nem tão ocasionalmente, sobre sua morte, o sentido dessa porra-toda, a probabilidade de haver de fato uma vida após e morte ou de simplesmente a gente desaparecer no nada, no escuro, no esquecimento, então é normal que a sociologia de hoje trate da questão mais urgente: o fim da espécie e as possibilidades de mitigar ou retardar o inexorável. Gestão das multidões, meu amigo. Demarcação de território. Talvez, sabe. Talvez seja melhor radicalizar e privatizar a porra toda. Privatizar a água. Acabar com esse papinho de mamae-sou-legalista, de soberania nacional, de direitos humanos, direitos humanos é a minha rola. Salvem primeiro as gostosas. Não sei do direito dos outros, mas minha rola tem uma série de direitos e faço questão de exerce-los e garanti-los. Tem o direito de ser acaraciada, mimada, chupada, lambida, alimentada. Olha, vou te falar uma coisa: esse mundo de hoje tá apoplético, disfuncional, descontinuo, contraditório, tá super aquecido, tá frintando debaixo do sol. O ser humano é um bicho engraçado. Esses zé ruelas que se dizem eco-céticos, que propagam que o aquecimento global é uma mentira e um exagero dos eco-chatos, esses caras, que na verdade são correligionários dos ultra-capitalistas e colaboradores involutários do grupo de bildeberg e de outros semelhantes que jogam o jogo do mercado blobal, esse cara que se acha excentrico por ter uma-idéia-que-vai-na-contramão, esse imbecil iludido que se julga o rei-da-opinião-própria, esse desinfeliz acredita que o ser humano vem tirando há duzentos anos quinhentos bilhões de barris de petróleo por dia de dentro do planeta e que isso não vai ter consequencia nenhuma, nenhuma! Rá! Me dá seu rim, rapidinho? Vou tirar todo o meu sangue e transformar em fumaça, dizem que dá a maior onda. Calma aí, né? É fatalista, é imediatista, é urgente? É, porra. Quando o bicho começar a pegar, todos os partidos se tornarão Verdes. Como o Partido Verde de hoje tem um monte de tentáculos em ONGS e dentro da própria máquina pública, será a bola-da-vez. Aí virão os caciques, os coronéis, os mafiosos, e será só mais um. O gabeira até que é mais desconfiado, mas você pega uma marina, aquela sonsa com pose de santa, aquela abnegada protetora da natureza, ela é uma marionete. De dez filmes que lançam hoje em dia, quatro são sobre o mundo pós-apocalíptico. O mundo depois da bomba, do meteoro, do maremoto, o mundo subterraneo, no fundo dos oceanos, no espaço. Toda essa macacada que quer um lugar na arca de noé futurista tem os seus próprio interesses: são grupos. São brancos, pretos, amarelos, evangélicos, ubandistas, sindicalistas, banqueiros, bancários, acionistas, investidores, credores, devedores, seguradoras, agentes de crédito, fiscais da receita, procuradores, advogados, estelionatários, maconheiros, drogados, cientistas, astrofísicos, o caralho. E é claro que são todos interesses legítimos, mas, olha que coisa, incompatíveis, excludentes. Não tem pra todos. Se alguém ganhar é porque alguém perdeu. Se todo mundo tivesse o padrão de vida de um norte-americano médio, com dois carros, casa, cinquenta eletromésticos, computador, banda larga, como é que ficava? Se todo indiano, todo chinês, resolvesse comprar uma Land Rover? Esses sete bilhões de seres humanos, dizem os eco-céticos, são uma pulga, um pulguinha, um insetozinho insignificante na superfície da terra. Querendo, ela se livra do problema com um saculejo. Será? Pelo que conheço da praga, acho que ia ser dificil. É um bicho tinhoso, não é? Complicado. Você acha que falo muito? Pode falar. Minha visão política hoje não poderia ser mais desiludida. Sim, já fui comunista, sim, já fui neoliberal, hoje só faço piada. Sério. Também fui contra as cotas, a favor das cotas, contra os transgênicos, a favor dos transgenicos, contra a monogamia, a favor da monogamia, sempre ciente de que estava sendo hipócrita porque parcial, dogmático, e me tornei um ser vazio, cínico até os limites mas extremos do cinismo, sem acreditar numa palavra do que me dizem, sem levar a sério nada do que eu próprio digo.

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